Tuesday, February 19, 2008

TROPA DE ELITE: UM FILME QUE NÃO É BELO MAS É BOM.







Diretor : José Padilha
Roteiro : Bráulio Montavani sobre livro de Andre Batista
Ano : 2007
Elenco : Wagner Moura, Caio Junqueira, Andre Ramiro, Milhen Cortaz e outros.

Já são 46 anos passados desde que pela primeira vez um filme brasileiro ganhou um festival internacional de cinema. Foi em 1962 com o “Pagador de Promessas” ( Anselmo Duarte) que levou a Palma de Ouro do Festival de Cannes daquele ano. Este fato abriu as portas do cinema brasileiro para o mundo e impulsionou o Cinema Novo que com o slogan “Uma idéia na cabeça e uma câmara na mão” reunia diretores como Cacá Diegues, Ruy Guerra e Glauber Rocha e durante uma década fez belos e importantes filmes.
Mas, depois deste período, o Cinema Brasileiro viveu uma longa fase na obscuridade. Porem, nestes ultimos anos este cenário mudou de forma significativa; sendo até que hoje no Brasil já há mais salas que exibem regularmente filmes nacionais; e as melhores bilheterias de produções brasileiras não são de filmes tipo “Xuxa” ou “Trapalhões”.
Há muitos fatores sócio-econômicos que contribuiram e ainda contribuem para esta melhora, porém, é sempre bom lembrar o cineasta Walter Salles que com seu poético “Central do Brasil”, conseguiu reabrir a porta do mundo para o cinema brasileiro; e em 1998, ao ser o primeiro filme brasileiro a ganhar o Urso de Ouro, prêmio dado ao melhor filme no conceituado Festival de Berlim, deixou um legado positivo para a geração de cineastas que veio depois dele.
Recentemente no ultimo dia 15 de fevereiro, 10 anos depois do sucesso de Walter Salles, outro filme brasileiro, o “Tropa de Elite” de José Padilha, recebe a mesma premiação.
Diante deste fato, primeiramente, é interessante notar a conexão que existe em quase todos os filmes brasileiros feitos anteriormente ao “Tropa de Elite” e que ganharam, como ele, projeção no exterior. Todos eles abordam temas abomináveis da vida brasileira: a fome, a miséria e a violência.
Deste grupo, “Tropa de Elite”, é o menos poético e o menos fotográfico.
Pode-se dizer que tenha a mesma contundência de imagens violentas como “Cidade de Deus” (Meirelles, 2003) mas não tem a mesma beleza cinematográfica, nem uma proposta neste sentido.
“Tropa de Elite” é um filme que trabalha de forma dura e direta com um contexto politico-social real. Nao há espaço para a beleza visual na película, o papo é outro.
O filme narra a partir de um personagem, o capitão Neto do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Policia Militar do Rio de Janeiro a sua angustia em escolher um substituto para o seu cargo que ele tem que optar entre dois candidatos.
A história é baseada em fatos reais que foram registrados a partir de entrevistas de integrantes da Policia Militar a uma psicóloga da Policia Militar. Com uma edição enxuta e elenco coeso, o filme mostra de forma dinâmica e dramática os infernos do Capitão Neto, o desenvolvimento de uma ação do BOPE para apaziguar as favelas do Rio de Janeiro durante a visita do Papa em 1997 e os métodos abusivos e violentos que usam para implantá-lo.
A violência do filme explica parte de seu sucesso, principalmente pelo desconforto que cria. As cenas das chacinas e brutalidade policial chocaram os brasileiros, o que dizer então de populações que não estão nem de longe acostumadas com a idéia de brutalidade policial, ainda mais da forma como o filme exibe.
Voce assiste “Tropa de Elite” e depois, sendo brasileiro, se acerca de que tudo o que o filme mostrou faz ou fez parte da realidade do país. Lamenta e depois se pergunta porque são estas coisas que fazem o sucesso do cinema do Brasil no mundo. Será que um dia uma história tipo Romeu e Julieta brasileira fará sucesso no exterior? Bem se tiver muita fome, miséria e violência, é bem provável que sim.
PS: Assista o Trailer Oficial do filme no YouTube, http://www.youtube.com/watch?v=0jeTL9hC3Wg