Monday, August 6, 2007

AOS MESTRES, COM CARINHO.

Na semana passada morreram dois grandes cineastas. O italiano Michelangelo Antonioni aos 95 e o sueco Ingmar Bergman aos 89 anos. Os dois são considerados mestres pela crítica, foram contemporâneos e suas obras existiram e fluoresceram nos anos 50 e 60. Meu contato com estes cineastas se deu no fim dos anos 70. Época em que devorava cinema numa São Paulo recheada de cine clubes, ciclos de cinema em universidades, museus e salas que reprisavam clássicos.

Para homenagea-los vou falar sobre um filme de cada.

BLOW-UP

Michelangelo Antonioni

Ano : 1966 Locação : Londres

Atores : Vanessa Redgrave, Sarah Miles, David Hammings, John Castle e Jane Birkin.

Blow-Up é um filme que trata do envolvimento de um fotógrafo com um crime a partir de uma foto que faz de um casal de namorados num parque. A partir deste instante ele se vê envolvido numa série de fatos que o faz ficar obssecado em desvendar um mistério que identifica no fundo da foto durante sua ampliação.

Blow-Up, significa no processo de revelação da fotografia convencional o momento em que a imagem começa a surgir na folha de papel fotografico. Em várias cenas do filme este momento se torna importante quando cada vez mais o fotógrafo amplia a foto para poder observar melhor o que registrou no segundo plano da fotografia e assim encontrar peças para completar o imenso quebra-cabeça que se formou e o envolve.

É um filme intrigante tanto na história que conta como na forma que exibe com estética extremamente moderna e atada ao momento e local em que foi rodado; a Londres de 1966 imersa na contracultura. No entanto, a visão de Antonioni não é panfletária, mas sim intelectual e adulta, vendo o que se passava numa época em que a liberdade era ordem do dia. Antonioni nos conduz com leveza e hermetismo ao mesmo tempo, como na cena em que duas pessoas jogam tennis sem bola.

Há também bastante sensualidade e certa ironia na inconclusão de afeto e desejo que o filme retrata colocando-nos em contato com um vazio existencial.

Trata-se do primeiro filme que Antonioni fez em lingua inglesa e arrebatou com ele o Leão de Ouro no Festival de Cannes de 1966 como o melhor filme.

Tendo a beleza de Vanessa Redgrave e Jane Birkin, Blow-Up é um marco na história do cinema e influenciou várias produções seguintes e influencia até hoje.

O SÉTIMO SELO

Ingmar Bergman

Ano: 1956 Locação : Suécia
Elenco : Max Von Sydon, Gunnar Björnstrand e Bibi Andersson

Sétimo Selo é um dos filmes mais marcantes de Bergman e da história do cinema. Feito em preto e branco, a película celebra a realeza e a beleza deste tipo de fotografia rodado numa floresta sueca em ambientes noturnos e semi noturnos. Contando a história de um cavaleiro voltando das cruzadas com seus agregados e que encontra numa parada a Morte, personificada em um homem, que veio buscar a todos. O Cavaleiro propõe a Morte um desafio para que sejam poupados. Uma partida de xadrez que é jogada sempre no fim do dia entre eles.

A partir deste encontro o filme se desenrola e enfoca dentro de um cenário trágico do país abatido pela peste negra, pelo fanatismo religioso com queima de bruxas questões filosóficas sobre a existência de Deus e o sentido da vida.

É um clássico do cinema.

Muitas cenas deste filme são antológicas, como a cena final onde se vê no horizonte em contra luz a morte caminhando e atrás dela a seguindo o cavaleiro e seus servos.

Bergman oriundo do Teatro criou este filme a partir de uma peça que escreveu, montou e dirigiu. Manteve praticamente o mesmo elenco e criou no cinema a sua linguagem intimista e expressionista, onde a camera se fixa nas expressões dos atores tomando a tela. A fotografia carregada em contraste e ao mesmo tempo límpida dá as nuâncias do trágico e do belo de forma sublime.

Os diálogos são inteligentes e sutis. Através dos diálogos entre o Cavaleiro e a Morte as duvidas, os medos, as injustiças, a incredulidade e a credulidade humana são colocadas.

Bergman já tem o mérito de ter revelado ao mundo talentos como o de Max Von Sydon, a beleza de Bibi Anderson e Liv Ulman. Mas muito além disto está o seu gênio capaz de trazer as angústias humanas à tela através de histórias interessantes e com linguagem cinematográfica original. É o que pode ser visto neste clássico que é o Sétimo Selo.

3 comments:

Anonymous said...

Nossa Paul, que nostalgico... adorei esses dois filmes, e adoro esses dois cineastas.

E a vida continua...

Anonymous said...

Paul
o cinema de arte morreu com estes dois cineastas.
Sinto falta do Felinni.
Abrações

Marcelo Serrano

Anonymous said...

Não assisti a nenhum destes filmes. É dificil de encontrar. Tem em DVD?

tudo de bom.
Silvana