Monday, July 30, 2007

TRANSFORMERS - A CELEBRAÇÃO DA MÁQUINA NO PLANETA DA PIPOCA COM COCA COLA.



Transformers é um filme que começa contando a história de um planeta onde robôs gigantescos tem vida e inteligencia própria; e que deste planeta um Cubo, que é o princípio da vida destes seres, durante um conflito entre os bons e os maus, é lançado ao espaço e cai na Terra. Os robôs, portanto, vêm à Terra em dois grupos para resgatar o cubo. Os maus destruindo tudo pela frente e os bons protegendo os humanos e tendo eles como aliados para destruir o mal.

A curiosidade é que estes seres tem a capacidade de se transformar (daí o nome do filme) em máquinas. Sendo que os maus se transformam em tanques de guerra e helicopteros e os bons em carros esportes e caminhões.

Transformers é um filme inspirado em um brinquedo os anos 80 que por sua vez inspirou ou se inspirou num desenho animado japonês, também dos anos 80.

É um filme que celebra a tecnologia como forma de resolver os problemas da humanidade. Em outras palavras, fala da nossa dependência tecnológica. Alguma novidade? É triste, no entanto, esta constatação de que celebrar isto como o filme faz não dá ao espectador outra idéia senão a do consumo e da preguiça mental. Não há nada de fato para se pensar.

Há no filme, pelo menos, vinte minutos de pura overdose vertiginosa e visual. Isto paga o ingresso. Porém, mesmo se tratando de um filme de ação e ficção científica, no todo, chega a ser um filme longo e cansativo.

Mesmo não tendo muitas cenas arrastadas com diálogos chatos e tendo até certo humor e sarcasmo. Mas não há nenhum cuidado neste aspecto, trata-se de um filme para adolescentes e sobre adolescentes no sentido mais primal. Há o uso em excesso de clichés onde os pais quando aparecem no filme são sonsos, a polícia idiota, a tecnologia superba, de que os Estados Unidos são senhores do mundo e defensores do bem, que a mulher magra é a vênus absoluta, o rapaz que pratica esportes é idiota e ter um carro e um celular é tudo para um garoto de 18 anos.

No mais, muita adrelina, destruição de prédios, carros e explosões.

Por se tratar de um filme para um publico infanto-juvenil entende-se que cada geração tem seu tempo e sua janela. Há algumas décadas atrás ia-se ao cinema para se assistir as sessões dos Três Patetas e os desenhos do Tom e Jerry.

Havia nas Tvs o National Kid herói voador que lutava contra os Incas Venusianos.

Hoje temos estes Transformers resultante de uma superprodução cinematográfica, com a assinatura de um Spielberg na produção executiva que traz a garantia de que seus olhos irão ver na tela o que for de mentira como algo real, e isto, graças a tecnologia. E isto é um dos fatores que dão ao filme parâmetros para seu sucesso comercial.

A cena final do filme, o gigantesco robô olhando o céu e prometendo defender a Terra; em seu corpo metálico reluzindo as cores azul e vermelho é o clássico cliché do patriotismo norte americano. Hoje o Super Homem é a Tecnologia.

Porém esta redundância possível de se enchergar neste filme em nada afeta ou afetará o seu sucesso com platéia infanto-juvenil.

De fato, cinema é entretenimento.

E se não era pra ser, quem se importa?

Saturday, July 21, 2007

SICKO - A Saúde Doentia


Michael Moore é sem dúvida um dos mais bem sucedidos documentaristas da última década. Com seus premiados “Bowling for Colombine” (Tiros em Colombine), de 2002, que trata da obsessão dos norte americanos por armas, tendo como pano de fundo a chacina de alunos numa escola de ensino médio na cidade de Columbine ; e “Fahrenheit 9/11”, de 2004, que é uma contundente critica ao governo do Presidente George Bush e o relaciona com o atentado de 11 de setembro.

Em sua nova película Sicko”(Doentio), o diretor, roteirista e produtor, critíca o sistema de saúde nos Estados Unidos. Denuncia a máfia das empresas de seguro saúde, aponta a origem do problema e a inoperância do governo quanto a esta questão. Mostra também como o pobre americano é negligenciado e vive a míngua dentro deste sistema.

Com a mesma metodologia de seus filmes anteriores, Moore procura comparar o objeto de sua critica com situações similares em outros países. Desta vez volta ao Canadá onde o sistema é totalmente gratuito para todos os cidadãos, sem exceção. Vai á França e ao Reino Unido onde o mesmo ocorre. Por fim, quebrando de forma corajosa o tabu da rejeição da política americana a Cuba de Fidel Castro, Moore vai até a ilha , mata a cobra e mostra o pau. Isto é, ele questiona como pode um país com menos recursos que os Estados Unidos prover aos seus cidadãos um sistema de saúde universal e o seu país não.

Michael Moore como sempre mantém em seu filme uma incrível coerência de idéia, uma objetividade sem fim, uma capacidade de juntar fatos para explicar outro e com momentos tocantes e extremamente tristes ainda manter um corrosivo senso de humor.

Outro filme nota 10, cinco estrelas. Já ouvi gente dizer que gostaria que o Michael Moore se candidatasse a presidente dos Estados Unidos. Não sei se tanto, mas o bom dos filmes de Moore é que realmente provocam a opinião pública . A sua postura corajosa em 2003 quando foi um dos primeiros a ir a público, durante a cerimonia de entrega do Oscar e debaixo de grande vaia criticar duramente a invasão dos Estados Unidos no Iraque, fez com que o cineasta ganhasse mais e mais a credibilidade no mundo cinematográfico, da crítica e do público.

O filme está em cartaz na grande Miami há pelo menos cinco semanas. Sinal de boa bilheteria e sem o grande estardalhaço publicitário típico nas grandes produções.

Ps: A tradução literal de “Bowling for Colombine” seria “Jogando Boliche para Colombine”. O titulo é este porque os dois alunos que mataram seus colegas dentro da escola Colombine, eram integrantes do time de boliche da escola.

Monday, July 16, 2007

LA VIE EN ROSE - Musica e Lágrimas.




Neste ultimo Sábado, 13 de julho, assisiti ao filme francês “La Vie en Rose”, em cartaz desde a ultima semana de junho e atualmente em cartaz em várias salas de cinemas em Miami, Fort Lauderdale e Palm Beach.


O filme conta a vida da célebre e lendária cantora Edith Piaf, que para quem não a conhece, saiba, foi e continua sendo uma das maiores cantoras populares da história da França e nos anos 50 tornou-se uma das vozes mais cultuadas no mundo ocidental. Edith morreu em 1963. Durante minha infancia nos anos 60 e tambem na minha adolescência era muito comum, no Brasil, se ouvir falar dela. O trabalho dela teve grande impacto e influência em várias partes do mundo. No Brasil por exemplo, Bibi Ferreira no teatro e Maria Bethania na musica foram artistas que sempre trabalharam o repertório e a memória da cantora francesa. Cabe ressaltar que a musica de Edith Piaf é um tipo de música que hoje se pode classificar como musica popular de qualidade, que é um tipo de canção lirica que aceita influencia do jazz e não do rock e que invariavelmnte fala sobre o amor e personagens cotidianos, e no caso de Edith com cores carregadas em dramaticidade, que caia muito bem naquela era do existencialismo frances que de certa forma é tio da contracultura. Entre seus sucesos sem duvida “La Vie en Rose” é uma das canções mais conhecidas e regravadas. Há tambem outras como “Jezebel”, “Non, Je Ne Regret Nien” e “L’acordienoiste” que são sempre lembradas.

O filme lançado este ano nos Estados Unidos foi dirigido e escrito por Olivier Dahan, diretor frances de pequeno conjunto de obra, este é o seu quarto filme, mas de grande talento. O filme de Dahan tem muitos méritos. Seu “La Vie en Rose” se trata de um filme de boa cinematografia e de um alto grau de emotividade. A biografia trágica da cantora é tratada com esmero e, enquanto o filme se desenrola vai de forma contundente em fotografia, interpretação de atriz exuberante e musica crescendo e envolvendo o espectador.

A atriz Marion Cottilard dá um show a parte nesta pelicula. É uma interpretação unica e impar. Do tipo que voce chega a acreditar que se inventaram o Oscar de melhor atriz é pra uma atriz como esta, neste filme.
Tudo funciona no filme de Olivier Dahan. Até a narração discontinua, isto é, não seguindo sempre a ordem cronológica dos fatos da vida da cantora tem um resultado positivo e interessante na desfecho e conclusão do filme que conta de forma apaixonante a vida desta cantora boemia que diz a lenda nasceu na rua, cresceu num bordel, trouxe a musica de rua para os palcos de Paris e depois para o mundo ocidental e morreu jovem, aos 49 corroida pela.....bem, não vou contar, veja o filme.

Veja o filme e leve um lenço, o namorado ou a namorada prum ombro. Eu assisti o filme numa sala semi lotada, confesso que chorei e ao fim do filme mais da metade da sala ficou em pé aplaudindo a pelicula. Tem dessas coisas na vida.

Paul Constantinides